terça-feira, 26 de novembro de 2019

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (11)

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e
belezuras literárias (11)

Neste mês de novembro/2019, 
em celebração ao Mês da Consciência Negra,
o blog Construindo Pasárgada do PMBFL compartilha 
uma série de postagens publicadas no bom dia do face do
Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores.
Trazemos a Literatura, biografia, sites e vídeos 
de Escritoras e Escritores Negras/os
para promover leituras, reflexões e belezuras literárias.
Tentamos priorizar Poetas de Pernambuco.






O bom dia do PMBFL é com Joel Rufino dos Santos. Carioca, filho de pernambucanos. Historiador, romancista e intelectual engajado na causa negra desde a juventude. Censurado pela ditadura civil-militar de 1964, foi preso político. Anistiado em 1979, retomou às atividades acadêmicas, presidindo a Fundação Palmares, durante as celebrações dos 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares. Autor premiado nacional e internacionalmente. Agraciado duas vezes com o Prêmio Jabuti. Indicado diversas vezes ao Prêmio Hans Christian. Faleceu em 2015, aos 73 anos vítima de câncer. Pouquinho antes de falecer e mesmo com a saúde abalada, ganhou espaço na mídia ao salvar um jovem negro que estava sendo linchado em Copacabana. Joel Rufino dos Santos deixou um legado para a além dos livros, um exemplo de vida intelectual norteada pelo compromisso com a cidadania.

Bibliografia:
(Romance)
Crônica de indomáveis delírios. Rio de Janeiro: Rocco, 1991.
Bichos da terra tão pequenos. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
Claros sussurros de celestes ventos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
(Infantojuvenil)
O caçador de lobisomem, ou, o estranho caso do cussaruim da Vila do Passavento. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
Marinho, o marinheiro, e outras histórias. São Paulo: Abril Cultural, 1976.
Aventuras no pais do pinta-aparece e outras histórias. São Paulo: Abril Cultural, 1977.
O curupira e o espantalho. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
Uma estranha aventura em Talalai. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1978.
Quatro dias de rebelião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
O noivo da cutia. São Paulo: Ática, 1980.
A pirilampéia e os dois meninos de Tatipurum. São Paulo: Ática, 1980.
O soldado que não era. 7. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1983.
Historia de Trancoso. São Paulo: Ática, 1983.
A botija de ouro. São Paulo: Ática, 1984.
Dudu Calunga. Rio de Janeiro: Ática, 1986.
Rainha Quiximbi. São Paulo: Ática, 1986.
Ipupiara, o devorador de índios. São Paulo: Moderna, 1990.
Uma festa no céu. Belo Horizonte: Miguilim, 1995.
Gosto de África. São Paulo: Global, 1998.
Cururu virou pajé. São Paulo: Ática, 1999.
O curumim que virou gigante. São Paulo: Ática, 2000.
Quando eu voltei, tive uma surpresa. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
O presente de Ossanha. São Paulo: Global, 2000.
O Saci e o Curupira. São Paulo: Ática, 2000.
O grande pecado de Lampião e sua terrível peleja para entrar no céu. Belo Horizonte: Dimensão, 2005.
Vida e morte da onça-gente. São Paulo: Moderna, 2006.
O jacaré que comeu a noite. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.
Na rota dos tubarões. Rio de Janeiro: Pallas, 2008.
Não Ficção
História nova do Brasil. São Paulo: Ed. Giordano/Ed. Loyola, 1963 (Coautoria).
História nova do Brasil IV. 2. ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1964.
O descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 1).
As invasões holandesas. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 3).
A expansão territorial. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 4).
Independência de 1822. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 6).
Da independência à República. Rio de Janeiro: MEC/CASES, 1964. (Col. História Nova 7).
O Renascimento, a Reforma e a Guerra dos Trinta Anos. São Paulo: JCM, 1970.
República: campanha e proclamação. São Paulo: JCM, 1970.
Mataram o presidente. São Paulo: Alfa e Ômega, 1976. (Coautoria).
História do Brasil. São Paulo: Marco Editorial, 1979.
O dia em que o povo ganhou. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
História política do futebol brasileiro. São Paulo: Brasiliense, 1981.
O que é racismo. São Paulo: Brasiliense, 1982.
Zumbi. 7. ed. São Paulo: Moderna, 1985.
Constituições de ontem, constituinte de hoje. São Paulo: Ática, 1987.
Abolição. Rio de Janeiro: Record, 1988.
Afinal quem fez a República? São Paulo: FTD, 1989.
História, histórias. São Paulo: Editora FTD, 1992.
Atrás do muro da noite: dinâmica das culturas afro-brasileiras. Brasília: MINC / Fundação Cultural Palmares, 1994. (coautoria Wilson dos Santos Barbosa).
Paulo e Virgínia: o literário e o esotérico no Brasil atual. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
Épuras do social: como podem os intelectuais trabalhar para os pobres. São Paulo: Global, 2004.
Quem ama literatura não estuda literatura. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
Assim foi se me parece: livros, polêmicas e algumas memórias. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
Carolina Maria de Jesus: uma escritora improvável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.
(Antologias)
Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2, Consolidação. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (10)

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e
belezuras literárias (10)

Neste mês de novembro/2019, 
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Tentamos priorizar Poetas de Pernambuco.
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O bom dia do PMBFL é com Lia de Itamaracá
Maria Madalena Correa do Nascimento. Pernambucana, nascida e criada na Ilha de Itamaracá, onde vive há mais de 75 anos. Trabalhou e se aposentou como merendeira escolar. Sua trajetória artística é longa com altos e baixos, desde que começou, ainda, criança. “Descoberta” nos anos de 1960, pela pesquisadora da Cultura Popular e cantora Teca Calazans: “esta ciranda quem me deu foi Lia que mora na Ilha de Itamaracá...” A Ciranda, dança litorânea, já acontecia na praia de Jaguaribe, com moradores e turistas.
A Rainha da Ciranda recebeu vários títulos: Patrimônio Vivo de Pernambuco (desde 2005) e Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco-UFPE (2019).
"É com muito carinho que eu recebo esse título, como reconhecimento do meu trabalho. Na cultura, na música, em tudo o que eu posso ter direito de um dia fazer. Agradeço a todos os que me deram esse prêmio. Me sinto muito honrada e feliz porque não é todo dia que eu recebo um prêmio desses, mas Deus disse 'espere'. Eu esperei e estou aqui."

 
 O Centro Cultural Estrela de Lia, na Ilha de Itamaracá, é um sonho em constante processo de realização, pois desativado por anos e em 2014, desabou a palhoça principal devido às fortes chuvas. Além de apresentações, o espaço propõem viabilizar atividades educativas como oficinas de percussão, fotografia e artesanato.
Sites de/sobre Lia de Itamaracá:


Site das músicas de Lia de Itamaracá:

Vídeos com Lia de Itamaracá:

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (9)

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e
belezuras literárias (9)

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 O bom dia do PMBFL é com Elisa Lucinda. Capixaba. Jornalista. Atriz. Poeta. Letrista. Cantora. Professora.

(..)
não caibo nestas caixas
nestas definições
nestas prateleiras.
Quero andar na vida
sendo a vida pra mim
o que é para o índio a natureza.
Assim voo, pedalando solta
na estrada do rio da beleza
nos mares da liberdade alcançada, essa grandeza.
Em tal grandeza meu corpo flutua…
Nos mares doces e nas difíceis águas da vida crua,
minha alegria prossegue, continua.
Despida de armas e de medos
sou mais bonita nua.



Sites sobre Elisa Lucinda:
https://www.facebook.com/elisalucinda/
https://www.letras.mus.br/elisa-lucinda/
http://www.mulher500.org.br/elisa-lucinda-1958/
https://www.escritas.org/pt/elisa-lucinda
http://dicionariompb.com.br/elisa-lucinda/biografia


Vídeos com Elisa Lucinda:
https://www.youtube.com/watch?v=4uP1uWkV7hg
https://www.youtube.com/watch?v=w5UBFd0wZ94
https://www.youtube.com/watch?v=U4Khg1oneb8



Crédito das imagens:
https://www.mensagenscomamor.com/poemas-e-poesias-de-elisa-lucinda
http://www.achabrasilia.com/elisa-lucinda-vivo-encena/



quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Dia Nacional da Consciência Negra




O Dia 20 de novembro é celebrado como o 
Dia Nacional da Consciência Negra com o objetivo de refletir sobre a relevância do legado do líder Zumbi, no Quilombo dos Palmares diante de sua atuação política com os demais quilombolas na luta pelo direito de liberdade de culto e religião, como também pelo fim do regime escravocrata no Brasil. Luta que ainda se faz necessária nos dias atuais para a garantia de direitos e cidadania.


Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (8)

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e 
belezuras literárias (8)

Neste mês de novembro/2019, 
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Miró da Muribeca
O bom dia do PMBFL é com Miró da Muribeca. João Flávio Cordeiro da Silva. O nome social, adotado pelo poeta, faz referência a um antigo jogador do Santa Cruz Futebol Clube, Mirobaldo. Posteriormente, transformado em Miró pelos amigos. Recifense. Poeta.


Alguns livros publicados: Quem descobriu o azul anil? (1985), Ilusão de ética (1995), Pra não dizer que não falei de flúor (2004), DizCriação (Andararte, 2012), aDeus (2015) e O penúltimo olhar sobre as coisas (2016), ambas da Mariposa Cartonera. Tem alguns poemas estão traduzidos para o francês e para o espanhol. Considerado uma das vozes mais inventivas da poesia independente do Brasil.

as pessoas estão passando
para mais uma segunda-feira
eu sentado no banco da praça
ainda sou domingo

(in: aDeus, 2015)

Sites de/sobre Miró da Muribeca:

Vídeos de Miró da Muribeca:

Crédito das imagens:

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (7)

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e 
belezuras literárias (7)

Neste mês de novembro/2019, 
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 O bom dia do PMBFL é com Odailta Alves. Odailta Alves da Silva. Pernambucana. Professora. Poeta. Atriz. 

CLAMOR NEGRO
Odailta Alves

Que minha cor
Não seja motivo de xingamento
E emudeçam os tons pejorativos
Que me causam sofrimento

Que meu passado
Não me plante na escravidão
E nunca esqueçam
Que fui escravizada
Mas escrava: NÃO

Que as chibatadas só
Nos livros de História
Sejam  lembradas
E junto também venham
Os heróis e as vitórias:
Zumbi, Dandara, Malês,
José do Patrínio, Benguela, Mahin, a glória

Que meus cabelos
Sejam inocentados
Do crime que não cometeram
Não mataram
Não roubaram
E são ruins?
Coitados...
Que nada!
São lindos, cacheados,
Crespos, pretos,
Castanhos, enrolados

Que por minha boca
Eu Jamais seja chamada
De bicuda, beiçuda
Meus lábios carnudos
Sentem a sede de justiça
Não feita com sangue
Mas de oportunidades
Gritam constantemente:
Respeito – dignidade
Saúde – dignidade
Educação – dignidade
F-A-C-U-L-D-A-D-E

Meu nariz?
Não é afilado...
Por isso é feio?
NÃO!
Ele é modelado,
Está dentro do meu
Padrão de beleza
Que você com sua frieza
Insiste em rejeitar

Minha pobre avó
De olhar agateado
Às vezes, esfomeado
Ou triste... discriminado
Sempre a olhar os pés
PRETA!
Não tinha orgulho
Deveria mirar o chão
Ensinaram-lhe que a saída
Era casar com branco
Clarear a família
Triste ilusão
Graças a meu Deus Negro
Nascemos tal qual vovó
Mas junto também nasceu
Em minha veia
Dado um nó
Algo que não se desfaz
O orgulho de ser negra
De pele e alma negra
E baixar os olhos: JAMAIS!

À Literatura
Odailta Alves

As palavras tocam minha alma,
 com o afã de mãos apaixonadas
 e ao sentir-me beijada por cada texto,
 estremeço e explodo de desejo
de mais... mais leituras do mundo,
mais leituras de mim...
 me acho e me perco entre as letras...
 me componho e me fragmento nas horas mortas,
 quando tudo parece falecer
e a Literatura resgata-me do túmulo.

Sites de/sobre Odailta Alves:

Vídeos de Odailta Alves:

Crédito das imagens:


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

VI MOSTRA LITERÁRIA DO PMBLF: A Literatura nutrindo o imaginário e construindo significados


Convidamos
Professoras e Professores de Biblioteca do PMBFL 
para a 
VI Mostra Literária de Experiências Exitosas em Biblioteca
com o tema A Literatura nutrindo o imaginário e construindo significados.

Ressaltamos que a Mostra Literária de Experiências Exitosas em Biblioteca faz parte do cronograma anual de atividades do PMBFL, sendo esta a sexta edição consecutiva. Consolidando-se, assim,  como um espaço de aprendizagens, socializações e afetividades, Professoras e Professores de Biblioteca socializam e/ou expõem projetos vivenciados com estudantes de todas as modalidades de ensino da Rede Municipal do Recife. 

Lembramos que essa VI Mostra Literária será considerada a formação continuada do mês de novembro para o grupo de Professoras e Professores de Biblioteca, devendo sua participação ocorrer no horário de lotação na biblioteca escolar. Sua presença e participação, portanto, considerada essencial!
Agradecemos a divulgação deste convite.


Dia: 28/11/2018
Local: EFER-Escola de Formação Educador Paulo Freire
Horário: Manhã, Tarde e Noite
Socialização dos Projetos Exitosos vivenciados. 
Exposição dos projetos.


Dia 29/11/2019
Local: EFER-Escola de Formação Educador Paulo Freire  
Horários: Manhã, Tarde e Noite.
Exposição dos Projetos Exitosos vivenciados. 
Atividade Cultural com estudantes de escolas convidadas.

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (6)

Neste mês de novembro/2019, 
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O bom dia do PMBFL é com Conceição Evaristo. Maria da Conceição Evaristo de Brito. Mineira. Professora. Mestra e Doutora em Literatura. Ativista de movimentos de valorização da cultura negra estreou na literatura, em 1990 na série Cadernos Negros. Escritora versátil, destaca-se na poesia, ficção e ensaio. Sua obra literária vem sendo traduzida em várias línguas. De origem humilde, migrou  para o Rio de Janeiro, onde vive há mais de quatro décadas.


Sua  obra em prosa aborda  "excluídos sociais, dentre eles favelados, meninos e meninas de rua, mendigos, desempregados, beberrões, prostitutas, “vadios” etc., o que ajuda a compor um quadro de determinada parcela social que se relaciona de modo ora tenso, ora ameno, com o outro lado da esfera, composta de empresários, senhoras de posses, policiais, funcionários do governo, dentre outros."



Eu-Mulher
Conceição Evaristo

Uma gota de leite
me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas.
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Antes-vivo
Antes – agora – o que há de vir.
Eu fêmea-matriz.
Eu força-motriz.
Eu-mulher
abrigo da semente
moto-contínuo
do mundo.


Da calma e do silêncio
Conceição Evaristo

Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.
Quando meu olhar
se perder no nada,
por favor,
não me despertem,
quero reter,
no adentro da íris,
a menor sombra,
do ínfimo movimento.
Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.


Sites sobre Conceição Evaristo:
http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-evaristo
https://livroecafe.com/2017/11/14/lindas-poesias-de-conceicao-evaristo/
https://www.portalsaofrancisco.com.br/biografias/conceicao-evaristo


Vídeos de Conceição Evaristo:
https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/conceicao-evaristo/escrevivencia/?content_link=0

Crédito das imagens
https://www.mensagens.inf.br/frases-conceicao-evaristo-poesias-para-mensagens/
https://escolaeducacao.com.br/conceicao-evaristo/
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/29/opinion/1535572605_988143.html

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (5)

Neste mês de novembro/2019, 
em celebração ao Mês da Consciência Negra,
o blog Construindo Pasárgada do PMBFL compartilha 
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13.11.2019 (quarta-feira) 




O bom dia do PMBFL é com Abdias Nascimento. Paulista natural de Franca (14.03.1914). Artista plástico, Escritor, Poeta, Teatrólogo, Político. Ativista social brasileiro, com reconhecimento internacional, na defesa da cultura e da igualdade para a população afrodescendente no Brasil. Responsável pela criação do Teatro Experimental do Negro (TEN), que atuou no Rio de Janeiro, no período de 1944 a 1968, a primeira companhia a promover a inclusão do artista afrodescendente no panorama teatral brasileiro. Com vasta bibliografia, Abdias Nascimento recebeu inúmeros Prêmios Nacionais e Internacionais.

AUTOBIOGRAFIA 
Abdias Nascimento

EITO que ressoa no meu sangue
sangue do meu bisavô pinga de tua foice
foice da tua violação 
ainda corta o grito de minha avó

LEITO de sangue negro
emudecido no espanto 
clamor de tragédia não esquecida 
crime não punido nem perdoado
queimam minhas entranhas

PEITO pesado ao peso da madrugada de chumbo
orvalho de fel amargo
orvalhando os passos de minha mãe
na oferta compulsória do seu peito

PLEITO perdido
nos desvãos de um mundo estrangeiro
libra... escudo... dólar... mil-réis
Franca adormecida às serenatas de meu pai
sob cujo céu minha esperança teceu
minha adolescência feneceu
e minha revolta cresceu

CONCEITO amadurecido e assumido
emancipado coração ao vento
não é o mesmo crescer lento
que ascende das raízes
ao fruto violento

PRECONCEITO esmagado no feito
destruído no conceito
eito ardente desfeito
ao leite do amor perfeito
sem pleito
eleito ao peito
da teimosa esperança
em que me deito

Buffalo, 25 de janeiro de 1979
- Abdias do Nascimento, em "Axés do sangue e da esperança: Orikis". Rio de Janeiro: Achiamé; RioArte, 1983, p. 47-48.

Sites sobre Abdias Nascimento:
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/história-e-memória/historia-e-memoria/2014/12/10/abdias-nascimento
http://www.elfikurten.com.br/2015/06/abdias-do-nascimento.html
http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/abdiasnascimento
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa359885/abdias-do-nascimento

Vídeos com Abdias Nasciemnto:
https://www.youtube.com/watch?v=VYcjN-chOUs
https://www.youtube.com/watch?v=fvSvdDwvVaw
https://www.youtube.com/watch?v=2nhwGPp0Pe0
https://www.youtube.com/watch?v=tEf_02cQefc

Crédito das imagens:
https://melaninadigital.com/abdias-nascimento/

Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (4)


Mês da Consciência Negra - leituras, reflexões e belezuras literárias (4)


Neste mês de novembro/2019, 
em celebração ao Mês da Consciência Negra,
o blog Construindo Pasárgada do PMBFL compartilha 
uma série de postagens publicadas no bom dia do face do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores.
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12.11.2019 (terça-feira)
 


O bom dia do PMBFL é com Carolina Maria de Jesus. Mineira de Sacramento nasceu em 14.04.1914. De origem muito humilde era neta de escravos e filha de uma lavadeira. Cursou as duas séries iniciais e sempre ávida de conhecimentos. Migrou para São Paulo, em 1947, por conta de “sua rebeldia natural fazia com que não se adaptasse ao trabalho de empregada doméstica. No ano seguinte, engravidou de um português, que a abandonou. Na época, ninguém dava emprego para mãe solteira e Carolina foi morar na rua. Foi então que chegou à favela do Canindé: o governador paulista (da época) mandara recolher todos os mendigos pelas ruas e despejá-los num grande terreno à margem esquerda do rio Tietê.” Catadora de papel, criou seus três filhos com a venda dos produtos coletados no lixo. Fazendo uso da escrita em cadernos, “vou por no meu caderno...” Foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que organizou seu diário no livro Quarto de Despejo publicado em 1960, verdadeiro best-seller à época. Traduzido em mais de 16 idiomas e distribuído em mais de 49 países. Sua história de vida virou filme, com a interpretação da atriz Ruth de Souza. Teve outros livros publicados, sem o sucesso do Quarto de Despejo. Foi preterida pelo cânone literário nacional e esquecida pelo mercado editorial.  Faleceu em São Paulo no dia 13.02.1977, aos 63 anos.

Obras publicadas:
Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960)
Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961)
Pedaços da fome (1963)
Provérbios (1965)
Diário de Bitita (1986)
Meu estranho diário (1996)
Antologia pessoal (1996)
Onde estaes felicidade? (2014)

(...)

13 de Maio. Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos.
 ...Nas prisões os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz.
 Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair. ...Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada:
 – Viva a mamãe!
 A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o hábito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim:
 – “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude catar papel. Agradeço, Carolina”.
 ...Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!
(...) (Quarto de Despejo)

Sites sobre Carolina Maria de Jesus:
 
Vídeos sobre Carolina Maria de Jesus:
 
Crédito das imagens: