Nos Quatro Cantos de Olinda, havia uma venda grande, com 3 portas, todas pintadas de verde. Era a venda de Seu Neco Bezerra. No longo balcão, onde as donas de casa compravam o pão nosso de cada dia e onde os homens bibiretavam seus gols perdidos.
Não era o fígado de "alemão", nem a caixa de sardinha ou tampouco os cestos de ovos que chamavam minha atenção e das outras crianças, e, sim, o grande expositor de guloseimas.
Já feliz com os cinquenta centavos dados pelo meu avô, eu punha a girar o tal expositor.
A cada giro, uma difícil escolha: pirulito, chupetinha de açúcar, confeitos, jujubas, doces cristalizados...
Difícil escolha para uma só moeda...
O vendedor, impaciente, me deixava só para atender os outros fregueses. Para que ele se esquecesse de mim, fazio-o repetir os preços:
_ E esse é quanto?
Para não perder o freguês, Seu Neco interferia na minha decisão. Dizia: "leve esse", já recolhendo minha prata.
Com o doce nas mãos, saía correndo com a certeza de quem conhece cada pedra que formava a ladeira da casa do meu avô.
(Crônica produzida durante a Formação do Mês de Maio/Professores de Biblioteca -PMBFL).
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