Palhaça Jujuba
Nascida Julieta Hernández, mulher, cheia de sonhos, venezuelana, migrante nômade, bonequeira, que escolheu como profissão a arte de fazer rir.
Viajava sozinha em sua bicicleta, levando encantamento, amor e sorrisos pelo Brasil e pretendia voltar pra casa, na Venezuela, para as festas de final de ano com a família.
Infelizmente cruzou o seu caminho um monstro, que interrompeu a sua vida.
Mas certamente, o seu sorriso belo, que irradiava luz e amor, ficará guardado para sempre na memória dos que a conheceram.
#JulietaHernándezPresente!
A TRAVESSIA DA PALHAÇA
Quando ela foi embora
Não sabia que se faria a noite
Em seu viver
E foi sol a sol a pedalar
Numa travessia de quem começa
Só pra sentir mesmo o ar
Tanta força
Só poderia residir na leveza
De quem se equilibra
Sobre uma bicicleta
A mente inquieta
Se equilibrando
Sobre a espinha ereta
Sua casa não era sua
Porque sua casa era o mundo todo
Que generosamente ela dividiu
Com todo mundo
E estava só -
Porque estar só é também
Estar sol -
Saiu a atravessar
Porque travessia é resistir
E resistir é acreditar
Criou gargalhadas nas estradas
E não quis mais parar
Doce, pequena e colorida
Sonhando sonhos de brisa
Até do sonho acordar
E sacudir a mente da gente
E derrubar-nos da cama
E levar-nos num choro dolente
E ficar viva pra sempre
Em sonhos de brisa
Na brisa que leva a bicicleta
Que parece que é a brisa que tá levando
Mas é ela ainda lá
Voando.
Alessandra Terribili
Nenhum comentário:
Postar um comentário