terça-feira, 17 de dezembro de 2019

E de repente já é dezembro outra vez! (5) - VINÍCIUS DE MORAES

E de repente já é dezembro outra vez! (5) - VINÍCIUS DE MORAES
... E de repente já é dezembro outra vez! 

Dezembro é o décimo segundo e último mês do ano no calendário gregoriano 
e tem duração de 31 dias. Nele acontece o solstício de inverno, no hemisfério norte, 
e do verão no hemisfério sul.
Um mês que estimula reflexões e mudanças, já que fecha 
um ciclo anual do Tempo, em grande parte do Planeta Terra.
E  hoje o bom dia natalino é com a poesia do poetinha como era chamado, Vinicius de Moraes.


NATAL
Rio de Janeiro , 1962

De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:

- Cristo nasceu!

O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:

- Aonde? Aonde?

Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:

- Em Belém! Em Belém!

Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:

- Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: - É mentira!

Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava:
- Cruz credo! Cruz credo!

Brava
A arara a gritar começa:

- Mentira? Arara. Ora essa!
- Cristo nasceu! - canta o galo.
- Aonde? - pergunta o boi.
- Num estábulo! - o cavalo
Contente rincha onde foi.

Bale o cordeiro também:

- Em Belém! Mé! Em Belém

E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.

Biografia de Vinicius de Moraes:
Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um poeta e compositor brasileiro. "Garota de Ipanema", feita em parceria com Antônio Carlos Jobim, é um hino da música popular brasileira.
Além de ter sido um dos mais famosos compositores da música popular brasileira e um dos fundadores nos anos 50 do movimento musical Bossa Nova, foi também importante poeta da Segunda Fase do Modernismo. Foi também dramaturgo e diplomata.
Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido como Vinicius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913. Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz desde cedo já mostrava interesse por poesia.
Ingressou no colégio jesuíta Santo Inácio onde fez os estudos secundários. Entrou para o coral da igreja onde desenvolveu suas habilidades musicais. Em 1928 começou a fazer as primeiras composições musicais.

A produção poética de Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes foi um poeta significativo da Segunda Fase do Modernismo. Ao publicar sua Antologia Poética, em 1955, admitiu que sua obra poética divide-se em duas fases:
• A primeira fase carregada de misticismo e profundamente cristã, começa em "O Caminho para a Distância" (1933) e, termina com o poema, “Ariana, a Mulher” (1936).
• A segunda fase, iniciada com “Cinco Elegias” (1943), assinala a explosão de uma poesia mais viril. “Nela – segundo ele – estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil, mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos. ”
Ao englobar o “mundo material” em sua produção artística, Vinicius se inclina por uma lírica comprometida com o cotidiano, onde buscou os grandes dramas sociais do seu tempo. Os poemas “Rosa de Hiroshima” (1954) e “Operário em Construção” (1956), são exemplos desse engajamento social.

Vinicius de Moraes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980, devido a problemas decorrentes de uma isquemia cerebral.
Obras de Vinicius de Moraes:
Poesia:
• O Caminho Para a Distância (1933)
• Forma e Exegese (1935)
• Ariana, a Mulher (1936)
• Novos Poemas (1938)
• Cinco Elegias (1943)
• Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
• Pátria Minha (1949)
• Antologia Poética (1955)
• Livro de Sonetos (1956)
• O Mergulhador (1965)
• A Arca de Noé (1970)

Teatro:
• Orfeu da Conceição (1954)
• Cordélia e o Peregrino (1965)
• Pobre Menina Rica (1962)

Prosa:
• O Amor dos Homens (1960)
• Para Viver Um Grande Amor (1962)
• Para Uma Menina Com Uma Flor (1966).

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