quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

carta de Carmen Lúcia


Ao Secretário de Educação, Esporte e Lazer do Recife

Dr. Cláudio Duarte



Escrevo para comunicar a todos e a todas que vêm acompanhando e legitimando a atuação da Gerência de Biblioteca e Formação de Leitores (GBFL) na condução do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, que fui surpreendida com a publicação no Diário Oficial da Prefeitura Municipal do Recife de 21 de janeiro de 2010, do decreto nº 142, de 20 de janeiro de 2010, respaldado na Lei 17.568, que me destitui do cargo de Gerente e extingue a GBFL, por motivo de alteração na estrutura da Administração Direta da Prefeitura.


Como não sou especialista em estudos de leis e de decretos, confesso a minha dificuldade em entender a lógica e os reais motivos que orientaram esta decisão. No entanto, torno manifesta a minha preocupação com o destino do referido Programa, que até o presente, dependeu da estrutura da GBFL para dar suporte às suas ações.


Lembramos que o Programa Manuel Bandeira foi avaliado na gestão anterior, enquanto referência de política pública de leitura, sendo por isso escolhido como ação prioritária do Governo João da Costa.


O decreto não faz qualquer menção à vinculação da GBFL com o Manuel Bandeira, parecendo desconhecer os impactos que tal decisão certamente terá em termos da continuidade do mesmo. Assim, é na qualidade de profissional responsável por sua concepção e execução, que solicito um pronunciamento público por parte dos representantes da atual gestão, especialmente do Secretário da Educação, Esporte e Lazer, esclarecendo as providências a serem tomadas, a partir da reforma administrativa, que garantam a continuidade e preservem a integridade do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores.


Por integridade do Programa entendo: a) a conclusão do processo de liberação dos recursos para as escolas cujos projetos de instalação e reestruturação de bibliotecas ainda estão pendentes; b) a continuidade do apoio às escolas que querem estruturar salas de leitura ou bibliotecas escolares; c) a normatização da função e a ampliação do quadro de professoras de biblioteca; d) a manutenção da linha de estágio dos mediadores de leitura; e) a formação continuada e monitoramento desses dois grupos de mediadores de leitura; f) a renovação permanente dos acervos das bibliotecas e o apoio à constituição dos acervos dos estudantes e professores; g) o incentivo à produção autoral dos professores e dos estudantes; h) o fomento à criação de redes de leitura. i) a continuidade da pesquisa colaborativa, sobre a prática da leitura nas bibliotecas escolares, coordenada pela professora Ester Calland de Sousa Rosa/UFPE.


Na oportunidade, cabe destacar que até o decreto que extinguiu a GBFL, sua gerência vinha participando como representante da SEEL, a partir da vinculação com o Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, do Fórum Pernambucano em Defesa do Livro, da Leitura e das Bibliotecas. Este fórum vem se constituindo num importante espaço de debate e proposição do Plano recifense do livro e da leitura.


No aludido Fórum, o Programa Manuel Bandeira é considerado uma importante referência, uma vez que as suas ações inspiram projetos e estratégias que podem ser replicadas e ampliadas, na perspectiva da instituição de uma rede de leitura na cidade. Para isso, é fundamental a articulação entre as bibliotecas escolares e as outras redes de bibliotecas públicas e nesse sentido, ressaltamos o estreitamento da parceria com a rede de bibliotecas comunitárias.


Entre as instituições que participam deste fórum, se incluem: a Rede de Bibliotecas Comunitárias; o Programa Prazer em Ler do Instituto C&A; o Centro de Cultura Luis Freire; o Centro de Educação da UFPE; a Fundação de Cultura Cidade do Recife; o vereador Luciano Siqueira, que tem sido um permanente parceiro desde o momento da criação do Programa.


Assim, entendo que é de extrema relevância a dimensão política que envolve a questão. É por isso que, na qualidade de profissional que vem atuando há décadas como parceira da SEEL, na construção de projetos que apontam para a consolidação de uma política de leitura, que reivindico dos representantes da Gestão, da qual até a semana passada me sentia parte integrante, sobretudo a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer, um pronunciamento público que explique esta decisão e esclareça quanto às medidas que garantirão o desenvolvimento do Programa Manuel Bandeira, preservando sua concepção e estratégias de atuação.


Recife, 28 de janeiro de 2010.


Carmen Lucia Bezerra Bandeira

9 comentários:

  1. alguém tem o contato de Carmem? um e-mail dela...

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  2. Sou professora do GOM-Grupo Ocupacional Magistério, da SEEL-Secretaria de Educação, Esporte e Lazer, há mais de duas décadas e, há quase dois anos e meio, estou lotada na GBFL-Gerência de Biblioteca e Formação de Leitores. Gostaria de expressar minha solidariedade à Carminha e às suas preocupações em relação ao Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, a partir de agora! Acredito, também, que a literatura faz diferença na vida integral do ser humano, tornando-o melhor e, com os/as estudantes da cidade, não poderia ser diferente.

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  3. Oi... Escrevo No Blog Outros Críticos... Postamos a sua carta no nosso Blog... Espero que ajude na sua luta... Força e abraços...

    Júlio Rennó.

    http://outroscriticos.blogspot.com/

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  4. Sou Mediador de Leitura (Estagiário) do Programa Manuel Bandeira onde a GBFL sempre nos auxiliou, dando um excelente suporte para desenvolvermos um trabalho sério e com êxito dentro das Bibliotecas das Escolas Municipais de Recife. Fui professor de Escola privada por muitos anos e sei o quanto é importante a Leitura para o processo ensino aprendizagem do indivíduo e para a formação acadêmica dos estagiários. É triste saber que a Nossa Gerência foi extinta. Presto aqui a minha solidariedade à Carminha e a toda equipe da GBFL.

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  5. Meu nome é Fabíola, também sou professora da rede e sou professora de Biblioteca. Faço minhas as palavras da professora Thelma. Também esperamos este pronunciamento, já que no Fórum de Leitura do ano passado o Programa foi bastante elogiado, inclusive pelo atual Secretário de Educação.

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  6. Participo como estágiaria do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, como estagiária a um ano e meio,como Mediadora de Leitura. Neste tempo no qual convivi mais próxima da literatura,lendo e mediando a leitura com as crianças, aprendi que quando conseguimos encantar as pessoas com os livros, certamente estamos contribuindo para que elas possam ter um universo de conhecimentos ampliado e contribuindo na formação de sujeitos conscientes de seus deveres e direitos enquanto cidadãos contribuidores para uma sociedade mais igualitária e mais feliz. Para a realização dessa ação sempre recebemos orientações daqueles que foram os iniciantes desse movimento. Mas agora não sabemos como continuaremos nossa ação e a razão para esta atitude com um programa de leitura de tamanha utilidade. Sendo assim registro minha solidariedade a Carminha e a todos da GBFL.

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  7. Atuo como professora de Biblioteca na Rede Municipal do Recife já alguns anos,e tenho observado as grandes mudanças no cotidiano escolar a partir do trabalho da biblioteca escolar.O interesse pela leitura e produção de texto, o intercâmbio entre as turmas,a articulação com outros espaços educativos,a integração sala de aula biblioteca e laboratório de informática etc.
    O mérito é de todo um grupo que acredita no potencial do aluno desde a Gerência de Biblioteca a equipe técnico pedagógica das escolas, inclusive sendo modelo para outros Estados.Recife precisa dar continuidade a essa estrutura, mostrando-se articulada com a atual política de leitura.
    carminha tem um importante papel nesse processo.
    valéria Fonseca

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  8. Quero registrar aqui a importância do trabalho das BIBLIOTECAS ESCOLARES na rede Municipal do Recife, e a Gerência de Biblioteca tem um papel fundamental nesse processo.
    Valéria Fonseca.

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  9. É uma pena que nossos políticos não deem o devido valor a uma formação séria e profissional. Quando um político extingue algo que está dando certo fazendo dos estudantes seres críticos e pensantes temos mais certeza de que, uma pessoa que não pensa nem critica é melhor para obtenção de mais votos. Fui Mediadora de Leitura durante dois anos e sou testemunha do quando mudou o comportamento dos alunos. Tínhamos teatros, passeios, leituras comunitárias. Vi o quanto era importante para os estudantes levarem um livro para casa e o gosto de estarem lendo durante o recreio, na hora da saída da escola e mesmo, chegando cedo para comentarem algum livro já lido. A GBFL será sempre uma referência de peso em meu currículo, sempre gostei de ler e ouvir histórias, a GBFL me ensinou que a leitura vai muito além disso, transcede o que muitos políticos acham que ler "é só passa tempo". As Escolas estão sem mediadores e as crianças "agradecem" aos políticos a retirada de uma das coisas que eles mais gostavam de fazer, ler, sonhar e ficar longe da violência urbana.
    Que feio senhores e senhoras que fazem da política uma "politicagem"
    Mylena Marinho
    Licenciada em LETRAS, Pós Graduada em Gestão escolar e Pós graduanda em Supervisão e Orientação Educacional

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