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Marta, Alexandre, João e Leonel, os irmãos portugueses que deram origem à família Alencar no Brasil, estabeleceram-se na Chapada do Araripe, área que divide os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Leonel fundou fazendas que deram origem a Exu, em Pernambuco. Lá em 11 de fevereiro de 1760 nasceu Bárbara.
Já adulta, se tornou líder comunitária e política, de maneira tão impactante, que seu legado resistiu à falta de registros oficiais. Foi a tradição oral que possibilitou o resgate da sua trajetória.
Bárbara casou com o capitão e comerciante português José Gonçalves dos Santos. Teve cinco filhos e sempre se preocupou em dar-lhes uma educação de qualidade, para isso, escolheu o Seminário Maior Nossa Senhora da Graça, em Olinda, que oferecia educação progressista, onde se discutia sobre política e a realidade do país.
José Martiniano, filho de Bárbara, liderou a Revolução Pernambucana de 1817, movimento que desejava que o Brasil fosse emancipado. Em 08 de março, foi proclamada a República em Recife, que pretendia implantar uma nova Constituição no país. Ele foi para o Cariri reunir seus familiares e comandou uma passeata, ao lado da mãe, em direção à Câmara Municipal. Ao chegar lá, retirou a bandeira da Coroa Portuguesa, substituindo-a pela bandeira branca, da República.
A repressão foi dura. Bárbara Alencar e seus familiares foram presos e acusados de traição. Ela foi torturada e encarcerada em condições insalubres, na fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, no Ceará. Ela foi anistiada e solta em 17 de novembro de 1821.
Em 1824, a primeira Constituição, não agradou ao povo, pois marcou a continuação da centralização do poder no Rio de Janeiro e a grande influência de exercida por Portugal. Nesse mesmo ano, nova luta por políticas sociais assolou o Nordeste. Foi a Confederação do Equador.
Tristão, outro filho de Bárbara, comandou a insurreição, chegando a exercer o cargo de Presidente da Província do Ceará. Bárbara e José Martiniano também participaram ativamente da revolta. Tristão e seu irmão Carlos foram mortos.
Após fugir de inúmeras perseguições políticas, Bárbara morreu em 28 de agosto de 1832, na fazenda Alecrim, no Piauí e foi sepultada na igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Itaguá, no Ceará.
Reconhecendo sua luta, o centro administrativo do Ceará recebeu o seu nome. Na década de 1990, foi erguida uma estátua da heroína na praça da Medianeira, em Fortaleza. Em 2011, foi fundado na capital, um centro dedicado à defesa dos direitos das minorias e das políticas públicas, que leva o seu nome.
Bibliografia:
Souza, Duda Porto de
Extraordinárias: mulheres que revolucionaram o Brasil / Duda Porto
de Souza, Aryane Cararo; ilustrações de Adriana Komura, Bárbara
Malagoli, Bruna Assis Brasil, Helena Cintra, Joana Lira, Laura
AthaydeLole, Veridiana Scarpelli, Yara Kono. - 3ª ed. - São Paulo:
Seguinte, 2018.